A Psicologia Existencial
A psicologia é uma ciência recente, mas os filósofos da Grécia antiga já discutiam temas relacionados a psicologia, a existência, ao ser, a alma entre outros. Como avanço e a consolidação da Psicologia como ciência desenvolveram-se diversas abordagens e que atualmente demonstram uma diversidade de objetos de estudos assim como de linhas teóricas para compreensão dos fenômenos psíquicos. Sendo atualmente 3 principais forças, da Psicanálise do Comportamentalismo e do Humanismo.
Diante dessa diversidade os profissionais devem tomar posições e realizarem suas opções por determinadas linhas teóricas. Especificando minha opção dessas correntes escolhi o existencialismo que é compreendido como sendo um Humanismo e a psicologia social materialista e histórica para compreensão do sujeito.
A psicoterapia existencial não possui uma teoria pronta e fechada onde possa embasar-se, mas existem sim diversas correntes que fundamentam o existencialismo.
O existencialismo teve suas origens em Kierkgaard, que foi uma reação contra a filosofia de Hegel, mas buscou na fenomenologia de Husserl o método que levaria a algo irredutível e anterior a essência, visto que ele teve como objeto de experiência o fenômeno em si, a “atitude fenomenológica [...] transcende-se o que há de ilusório na sua aparência, resultado dos condicionamentos a que o indivíduo se expõe” (Erthal, 1989, p. 30)
Embora diversas, as filosofias existencialistas tem em comum as seguintes características fundamentais:
- existência como objeto de investigação e de modelagem do projeto humano em permanente "devir";
- a vivência existencial, como fonte de angústia e fundamento de uma antropologia filosófica que, para os existencialistas cristãos, aponta o caminho da intersubjetividade (comunhão com os homens) e da transcendência (comunhão com Deus) e, para os existencialistas ateus, conduz à morte, à náusea, ao nada;
- o homem como liberdade e subjetividade enquanto artífice de seu próprio projeto existencial, como realidade aberta aos outros e ao mundo;
- finalmente, a dissolução do dualismo sujeito-objeto inerente à teoria clássica do conhecimento, na unidade interior de uma vivência que se exprime no amor ou na angustia, considerada esta como consciência da finitude do homem, da sua gratuidade existencial e do seu ser para a morte. (Silva, 2001)
Para a conduta terapêutica adoto o método da redução fenomenológica de Husserl, aliando ao existencialismo sartreano. Para Sartre (1978) o existencialismo é uma doutrina de vida possível que envolve toda a humanidade, pois entendendo que o “[...] homem sendo responsável por aquilo que é ele tem o domínio de sua própria vida, sendo aquilo que escolheu ser é plenamente responsável por seus atos.
Percebemos então que a crítica que se faz ao existencialismo de acentuar o lado mau da vida humana, não o é, já que opõe-se ao quietismo pois:
“A doutrina que vos apresento é justamente a oposta ao quietismo, visto que, declara: só há realidade na ação; e vai aliás mais longe, visto que acrescenta: o homem não é senão o seu projeto, só existe na medida em que se realiza, não é, portanto, nada mais do que o conjunto dos seus atos, nada mais do que a sua vida” (Sarte, 1978, p. 13)
Um dos temas desenvolvidos na prática terapêutica diz respeito a auto-imagem e ao projeto de ser. Escolhemos o mundo quando damos um significado a ele, o valor das coisas, sua finalidade etc. ressaltam na verdade, a auto-imagem – a escolha. A imagem que a pessoa cria de si mesma determina os comportamentos que se desenvolve, essa imagem é influenciada por várias forças que atuam sobre a pessoa, criando essa imagem de si irá realizar todas as suas escolhas a partir dessa opção primária.
O conhecimento do próprio Eu não é um ideal místico, inatingível, a psicoterapia existencial através de uma escuta empática e a auto-aceitação são meios de ajudar uma pessoa a desenvolver uma maior autoconsciência e autocompreensão, o caminho mais conveniente para superação de conflitos existenciais é o processo de conscientização das defesas pessoais, do projeto original de ser e a auto-imagem podendo se expressar de forma autêtica através de uma relação aberta, amigável e estreita com sua própria experiência. É um processo difícil, pois, a medida que se percebe algo de novo em si próprio, surge a tentativa de rejeição, mas o meio de promover as condições de aceitação e de assumir uma parte de si pode ser possível com ajuda de um profissional.
Para Sartre, “o homem esta condenado a ser livre”, esta citação define a necessidade de uma redimensão da existência. Segundo Angerami (2007), “Condenado, porque não criou a si próprio, e, no entanto, livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer. Este passa a ser um dos principais valores existencialistas: a liberdade para assumir a totalidade dos próprios atos” p.15
Sartre salienta que a liberdade é o que precisamente estrutura o homem, porque é uma designação especifica da própria qualidade de ser consciente, de poder negar, de transcender. “A liberdade é o que define a minha possibilidade de me recusar como coisa, projetando-me para além disso, ou, se quiser, para além de mim”.Portanto, assumindo a liberdade como um dos principais valores da existência, assume - se a própria ação, assim, sujeito e ação terão a mesma congruência.
A negação da liberdade consiste no sujeito obter justificativas para manter suas atitudes e ações e assim não se sente nem se mantêm livre, pois fica preso a seus sofrimentos. Alguns questionamentos podem servir de exemplo para refletir sobre a liberdade de existência: você está casado por obrigação? Mora e se relaciona com pessoas de forma de forma obrigatória? Não se permite realizar determinadas coisas que lhe dariam prazer e satisfação? Está infeliz, insatisfeito na maior parte do tempo de sua vida? Se acha vítima das circunstância e das pessoas?
Logicamente que não falo de uma liberdade sem responsabilidade, mas o que deve-se levar em consideração é todo o contexto social, material e histórico que se encontra, mas muito de nossos sofrimentos podem ser amenizados com a busca de assumir a responsabilidade por seus atos e atitudes e pela sua própria vida e que é possível através de um processo de reflexão e auto-consciência para encarar a própria vida de forma autêntica assumindo a responsabilidade de si mesmo
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